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David contra o Golias do saibro

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Duas semifinais bem distintas, duas vitórias espanholas e o oitavo título de Rafael Nadal em Roland Garros virou quase uma certeza. Quase. No domingo, do outro lado da quadra, estará um adversário muito bem conhecido, que já amargou 19 derrotas em 23 partidas, mas principalmente estará fazendo sua primeira final de Grand Slam. Aos 31 anos, parece ser também a última chance deste David, que terá de encarar o Golias do saibro. Difícil imaginar outro resultado final.

Ainda mais depois da nova batalha épica que Rafa e Novak Djokovic travaram nesta sexta-feira, outro jogo para entrar na história recente do tênis. Disputado game a game, com chances para os dois lados, máximo empenho, lances espetaculares. Depois de tanto prometer e raramente cumprir, Nadal conseguiu ser realmente agressivo o tempo inteiro. A partir de um bom saque ou especialmente após uma devolução bem alta e profunda, cansou de ir para as linhas. E o sucesso foi tão grande que até mesmo o backhand produziu dezenas de bolas perfeitas.

Esse conjunto aliado á conhecida capacidade de defesa foi o que lhe deu duas lideranças que pareciam definitivas na partida. Não foram. A quebra no quinto game do segundo set e principalmente o saque para fechar a partida no 5/4 do quarto set tinham tudo para ser definitivos. Nole – que lutava contra os próprios erros e seu forehand – foi bravo na primeira e contou com a ansiedade do espanhol na outra. Aí jogou um tiebreak tenso e perfeito, abriu 2/0 no quinto set e manteve a frente até 4/3. Porém, já era possível notar que o sérvio tinha cada vez mais dificuldades para manter o saque. Faltavam um pouco de pernas, de sorte e de precisão.

O erro incrível no 40-iguais, com o lance em que infantilmente tocou a rede, talvez tenha lhe custado a vitória. Impossível afirmar. Porque Nadal continuou lutando como se estivesse no começo da partida, produziu novos lances espetaculares e naquela altura o volume que demonstrava era evidentemente superior. Foi uma questão de tempo até a quebra final e definitiva, que veio sem esforço. Depois daquela série de sete derrotas entre 2011 e o começo de 2012, Rafa agora ganhou quatro dos últimos cinco duelos contra Djokovic. Mudou o quadro, com méritos.

Ferrer teve dois sets muito fáceis. No primeiro, Jo-Wilfried Tsonga esteve muito nervoso. No outro, sem esperanças. Entre os dois, o único bom momento da partida, quando o francês se soltou mais e exigiu grande correria do adversário. Ferrer chega à final com seis horas a menos de esforço do que Nadal nos seis jogos já feitos, em que não perdeu sets e cedeu apenas 45 games. Seria uma considerável vantagem não fosse Nadal do outro lado da rede. Pelo menos, David acabou com o tabu e é enfim o 11º espanhol numa final de Slam.

Não por acaso, os dois finalistas são os que mais venceram na temporada 2013: Rafa tem 42 vitórias em 44 jogos e Ferrer, 37 em 46. A diferença é que Nadal já vai atrás do sétimo troféu do ano. Fato curioso é que David rebaixou o compatriota mais famoso para o quinto lugar do ranking. Se ousar vencer, vai passar também Roger Federer e ficar bem perto de Andy Murray. Tenho certeza de nem ele poderia sonhar com tanto sucesso ao mesmo tempo.

Os novos feitos de Nadal
- Tentará o 12º troféu de Grand Slam e ser o terceiro maior colecionador no geral.
- Pode se tornar o único a vencer oito vezes o mesmo torneio de Slam e automaticamente assumir como tenista com maior vitórias em Paris (59, contra 58 de Vilas e Federer)
- Atinge 17 finais de Slam e iguala-se em quarto lugar com Laver, ficando atrás somente de Federer (24), Lendl (19) e Sampras (18).
- É o quarto da Era Profissional a chegar em oito finais de um mesmo Slam, repetindo Federer (Wimbledon) e Lendl e Sampras (US Open).
- Soma agora 17 vitórias em 20 semis de Slam, com última derrota no US Open de 2009
- Suas oito semis em Roland Garros agora são recorde, superando Federer e Cochet (7).
- Busca o 42º título no saibro, o que o deixaria apenas quatro atrás de Vilas.
- Ganhou 20 dos últimos 21 duelos contra adverários top 10

As façanhas de Ferrer
- É o tenista que mais demorou para chegar numa final de Slam (42 tentativas) e de Roland Garros (11)
- Primeiro jogador com mais de 30 anos a chegar à final desde Gomez, em 1990
- Aos 31 anos e 68 dias, é o quarto mais velho a chegar numa final de Roland Garros
- É o terceiro mais velho a fazer sua primeira final de Slam na Era Profissional

Contando
Este foi o 35º duelo entre Nadal e Djokovic, o que igualou os dois mais extensos da Era Profissioal: Connors x Lendl e Connors x McEnroe, e tem agora com um a mais que Agassi x Sampras. Em Grand Slam, já foram 10, igualando Federer x Nadal e Lendl x McEnroe e apenas um atrás de Djokovic x Federer, que ainda é o recordista. Mas não resta a menor dúvida que essa conta ainda vai ser longa.

Tudo em casa
Esta será a quarta final totalmente espanhola em Roland Garros e em Slam. As demais foram em 1994 (Bruguera venceu Berasategui), 1998 (Moyá ganhou de Corretja) e 2002 (Costa bateu Ferrero).  A Espanha também garantirá seu 15º troféu masculino da Era Aberta no torneio, cada vez mais longe de Austrália e EUA, que somam 11.

Meninas
Não tive oportunidade de comentar as semifinais de quinta-feira, mas acho que deu o que todo mundo esperava na final deste sábado: Serena Williams e Maria Sharapova, que nunca se cruzaram antes em Roland Garros, vão lutar pelo bi no saibro parisiense. Bem curioso isso, porque afinal são duas tenistas com típico estilo americano: tênis-força, baseado no primeiro saque e no ataque de segunda bola, golpes mais retos.

Serena tem de ser considerada favorita, porque tem um histórico absurdamente favorável diante da russa, que não vence a temida adversária há nove anos e acabou de ser batida facilmente em Roma, onde só ganhou cinco games. Mas tudo vai depender mesmo de quem administrar melhor os nervos. Maria tem tido altos e baixos nesse aspecto, que se refletem em duplas faltas e muitos erros não-forçados. Vai ter que diminuir isso ao máximo para ter chance. Deve estar vindo confiante após a boa atuação contra Vika Azarenka, onde precisou lutar muito contra a própria instabilidade. Serena esmagou a coitada da Sara Errani e seu saque tão frágil.

O Brasil
Bia Haddad Maia tenta nas duplas juvenis ser a sexta brasileira a ganhar um título de Grand Slam, que conta apenas Maria Esther Bueno, Guga Kuerten, Thomaz Koch, Bruno Soares e Tiago Fernandes. Coincidências da vida, sua parceira é uma equatoriana e seu técnico é Larri Passos, exatamente como os de Guga em 1994, quando venceu ao lado de Nico Lapentti. Boa perspectiva.


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